sábado, 19 de fevereiro de 2011

Rain
Não sei por que esse tempo de chuva traz um ar de melancolia mas de nostalgia também. O céu nublado resgata da minha memória lembranças da infância que os anos jamais trarão de volta.
Acredito que a chuva tem uma conotação diferente para cada pessoa, dependendo da história de cada um. Para mim especificamente ela representa um tempo de isolamento e reflexão mas representa também um tempo de medo e apreensão.
Lembro quando eu era criança, tinha por volta de uns 9 anos, houve um terrível vendaval em São Luis-Ma. Muitas casas foram atingidas no bairro em que eu morava com meus pais, então todas as vezes que o tempo nublava um medo assustador tomava conta do meu coração e eu me escondia dentro do guarda roupas, como uma borboleta dentro do seu casulo. Com o passar dos anos esse trauma foi sendo apagado, mas talvez seja essa a razão da minha relação pouca amistosa com o período chuvoso. Não são apenas lembranças ruins que tenho da época chuvosa, lembro também das brincadeiras de crianças despreocupadas no meio da rua.
Essa dualidade de sentimentos me deixa ilhada em meio aos meus pensamentos. Ouço uma boa música, sinto a chuva cair lá fora bem devagar e leio a palavra que alimenta o meu espírito e que me diz: “aquele que beber da água da vida, nunca mais terá sede”.
Penso nas vítimas da região serrana do Rio de Janeiro, impossível ficar indiferente a tanta dor e sofrimento. Centenas de mortos e de desabrigados. Tanta história de lamento que parte o coração até do mais insensível ser humano.
Penso na aliança de Deus com os homens de nunca mais destruir a terra por meio das águas. “Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra”. (Gênesis 9:11). O arco-íris no céu anuncia que as chuvas cessaram e é o sinal dessa aliança entre Deus e a humanidade “porei nas nuvens o meu arco, será por sinal da aliança entre mim e a terra” (Gênesis 9:13).
A chuva tem em si essa dualidade, ao mesmo tempo em que traz inundação e destruição, é ela quem faz brotar as plantas e ervas do campo e é ela quem revigora os pastos, torna fecunda a terra e amadurece os frutos.
Depois de um longo período de inverno, de isolamento, de reflexão, o arco-íris despontará no céu e a borboleta sairá do seu casulo para alçar vôo.
Liana Jacinto

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