Surge repentinamente, como o lobo a espreita de sua presa, insistindo em me atormentar. Inquietando a minha alma e trazendo lembranças que foram lançadas no mar do esquecimento. Talvez não seja por querer. Nem seja coincidência ou obra do destino, apenas algo provável de acontecer, afinal a cidade é pequena.
A hora já está avançada. O relógio na parede já anuncia a chegada de um novo dia. Daqui há poucas horas me levanto e me refaço. Insisto em não aceitar que as lembranças do passado me paralisem. Não permito que sejam abertas novas feridas, elas já foram cicatrizadas. Ô que bom que existe o esquecimento.
Sigo em frente, prossigo para o alvo, sem olhar para trás. Respiro fundo, concentro meus esforços naquilo que me faz feliz e que me traz alegria. Não há mais espaço para a dor e o sofrimento. O fardo não é mais pesado, tornou-se leve. As lágrimas foram enxutas e o coração preenchido pelo sorriso de uma criança.
Liana Jacinto
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